DESENVOLVIMENTO Candiota reedita Movimento Pró-Carvão em defesa das estatais e do carvão mineral

Em outubro de 2011 Movimento Pró-Carvão bloqueia ponte do Guaíba. Fato até então inédito / Foto: Divulgação

Um dos grandes movimentos da Região da Campanha, pelo menos das últimas décadas, o Movimento Pró-Carvão, que entre os seus feitos fechou em 2011 a ponte do Guaíba, deu seu primeiro passo na manhã desta segunda-feira (3), em reunião realizada no Gabinete do prefeito Adriano Castro dos Santos com movimento social, Câmara de Vereadores de Candiota, Sindicato dos Mineiros, Senergisul, Simca, Sintec e eletricitários. A reedição do movimento tem por base não possuir cores partidárias e ser de unidade de todas as forças da sociedade que buscam soluções e alternativas na defesa do carvão mineral e de levantar a bandeira contra a investida do governador Eduardo Leite na venda da CRM, CEEE e da Sulgás.

Foto oficial de reedição do Movimento Pró-Carvão / Foto: Raissa Vargas

Para o prefeito Adriano, que conversou com GenteJornal, o Movimento Pró-Carvão inicia para definir ações de enfrentamento ao fato da aprovação da PEC pela Assembleia Legislativa que liberou as privatizações das empresas do Estado CRM, Sulgás e CEEE.

- Então o movimento se reorganizou para fazer o debate em torno da construção de ações para barrar essa privatização ou a forma de como ela vai se dar. A gente sabe que hoje o clima é de privatização, mas a nossa intenção é mostrar a viabilidade da CRM principalmente no momento bom que vem para o carvão mineral logo ali a frente com o Leilão de energia.

Santos comentou ainda ao GenteJornal que caso não for possível barrar a privatização, que seja construído então a alternativa de PPP (Parceria Público Privada) para se mantido as licenças ambientais atuais da CRM, que coloca a mineradora em um cenário de disputa de carvão mineral para as empresas que participarem do leilão A-6 que deve ser realizado ainda este ano.

O prefeito relata ao GenteJornal que foram tirados alguns encaminhamentos como a Carta de Candiota que vai esmiuçar todas essas potencialidades e capacidades da CRM e do carvão mineral do município para ser levado pelo grupo que compõe o Movimento até Porto Alegre e ser apresentado para as bancadas dos partidos que compõem a Assembleia Legislativa. “Ações mais incisivas logo a frente depois de decisões de como se encontra o cenário após essas votações a nível de Porto Alegre”, salienta ao explicar o poder mobilizador que possui o Movimento Pró-Carvão tanto em esfera regional, como estadual e no Congresso Nacional.

Outro fator levantado por Adriano ao GenteJornal foi que esse mesmo grupo vai debater a viabilidade junto ao Seminário de Energia e gaseificação a ser realizado em Candiota pelo segundo ano e que possui uma abrangência muito grande no setor. “Hoje nós temos uma ideia clara de que a CRM é importantíssima para o futuro do carvão mineral de Candiota”, concluiu.

Reunião realizada no Gabinete do prefeito Adriano Castro dos Santos / Foto: João Mauricio

O dirigente do Sindicato dos Mineiros de Candiota Hermelindo Ferreira, também conversou com a reportagem do GenteJornal e salientou que passado o momento dos grandes debates da Assembleia Legislativa a respeito do plebiscito chegou o momento de uma segunda etapa que chama de projeto da privatização. “Nós estamos buscando com reuniões a onde envolva o poder Legislativo, Executivo, demais sindicatos e forças da nossa comunidade para criar em conjunto uma estratégia para que possa ser levada até a Assembleia e trabalhado junto aos deputados uma viabilidade para ser construído para a CRM”, enfatizou.

Hermelindo também falou ao GenteJornal sobre a construção da Carta de Candiota que é uma ferramenta com alternativas contra uma proposta do governador Eduardo Leite que visualiza simplesmente a privatização sem nenhuma outra alternativa, “Nós acreditamos que a CRM que é uma empresa que tem um potencial muito grande, ela é detentora de quase 1,6 bilhões de toneladas de carvão mineral e possui mais de 29 mil hectares de áreas licenciadas junto ao Departamento de Pesquisa Mineral. Uma empresa que possui licenças ambientais. Isso não é de um dia para outro que frente uma privatização que aquele que esteja adquirindo vai conseguir de imediato todos esses meios ambientais que a CRM já está habilitada para a mineração”, esclarece.

Outro fator tocado pelo sindicalista a nossa equipe é do momento atual do carvão mineral, “Estamos ai as portas de um Leilão A-6 onde a Ouro Negro já prospecta investimentos muito grande aqui para nossa Região”, explica e apresenta expectativa como da Copelmi anunciar a construção de uma usina, a segunda fase da usina Pampa Sul que ao serem confirmadas irão gerar um grande consumo de carvão mineral. Inclui-se também projeto para a área de gaseificação e produção de metanol.

Hermelindo aponta também que o objetivo é demover o pensamento do governo que demonstra possuir essa tarefa única de privatização. “Há outras alternativas como as PPP, investimento que vão dar injeção de dinheiro dentro do governo, a participação de gestão na CRM, uma sociedade de propósito especifico seria uma outra alternativa relata o sindicalista. “A própria federalização da CRM também poderia ser estudada”, diz, mas reconhece que pelo perfil do governo de Jair Bolsonaro isso seria mais difícil.

- Em último aspecto uma coisa que o governo sempre comentou em sua campanha eleitoral como fica a vida do trabalhador diante de uma privatização. "Nós nos preocupamos muito, pois não é só a vida do trabalhador, é a vida financeira da nossa região é quanto de renda é distribuído com o dinheiro que circula através do vale alimentação, através dos salários do trabalhador da CRM. A nossa região com certeza sentirá muito, porque diante de uma privatização a iniciativa privada quer o lucro pelo lucro e com isso ela diminui a renda do trabalhador”, finalizou.

Momento da reunião realizada no Gabinete do prefeito Adriano Castro dos Santos / Foto: João Mauricio