BACIA LEITEIRA | Lideranças falam sobre novas regras para produção de leite
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As novas regras para produção, recolhimento e distribuição do leite e padrão de qualidade do leite cru refrigerado, do pasteurizado e do tipo A, determinadas pelas instruções normativas (INs) 76 e 77, tem prazo estabelecido para acontecer até o final de agosto, início de setembro, foram temas centrais da semana em Candiota. O GenteJornal conversou com o secretário de Planejamento do município Fabiano Oswald, o diretor Cooperativa de Produção e Trabalho, Integração Ltda (Coptil) Emerson Capelesso e o deputado estadual Edegar Pretto (PT).
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Para Fabiano Oswald uma das grandes preocupações do governo é que grande parte dos produtores da região podem ficar fora desta normativa, “teriam que ter mais tempo para se adequarem e também de investimentos tanto do governo estadual, como o federal para que estes pequenos produtores pudessem se adequar as normativas para não ficarem de fora da produção de leite”, salientou ao GenteJornal.
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Já Emerson Capelesso acredita ser importante o debate da conjuntura política das normativas que vem a partir da implantação de um modelo de produção, ele acaba afetando muito os pequenos produtores da região. “Existe hoje uma quantidade significativa de produtores de leite oriunda da base familiar, que possuem dificuldades e que não vão estar aptos, caso a normativa entre em vigor agora em setembro”, afirmou.
– Levando a exclusão destes produtores. Então é uma preocupação bastante grande. Nós sabemos da importância em trabalhar com a qualidade do leite mês a mês, de ir melhorando isso. Já vem sendo feito o trabalho – explicou a reportagem do GenteJornal. O que se tem defendido é que se protele, que se adie um pouco a implementação e que seja criado um plano de ação de políticas públicas, de investimento para ajudar que os agricultores se ajustem no ponto de vista da ação.
“Nós temos problema da energia elétrica, ocorre que em muitos lugares não tem força, não tendo como manter os resfriadores ligado que acaba afetando a qualidade do leite. O acesso de estradas, algumas ruins e onde ocorre de muitas propriedades não terem acesso as estradas, onde os caminhões possuem dificuldade de chegar nas 48h para carregar o leite, isto também acaba comprometendo na qualidade.
O problema de resfriadores e estruturas que são relativamente caros para pequenos produtores que por isso acaba não conseguindo adquirir, isso além do acesso a qualidade da água que precisa de investimento pesado, que ajuda no manejo que são exigidos pelo Ministério.
Capelesso acredita que é necessário criar um grupo de trabalho que absorva essas demandas e possa encaminhar junto aos governos do estado e federal para que possam adequar essas propriedades para que os produtores de leite possam melhorar a parte produtiva deles. “Estão todos preocupados, o fato impacta a condição econômica não só das famílias, mas do desenvolvimento regional, seja no comércio, como no serviço, por diminuir o dinheiro circulando”, concluiu.
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O deputado Edegar Pretto disse ao GenteJornal “as normativas impostas pelo Ministério da Agricultura que põe obrigações aos nossos produtores de leite, principalmente aos pequenos e médios que na nossa opinião não terão nenhuma possibilidade em se adequarem as essas normativas e consequentemente corre-se o risco de milhares de famílias assentadas produtores de leite não se adequando ficarem fora do mercado, da produção do leite. E a gente se pergunta: Para onde vão? Irão vender as suas terras? E as pessoas que fizeram financiamento para organizar a sua propriedade com o leite, o quê farão? “Eu vim aqui para me comprometer em ser a voz dessa região dos assentados, agricultores, tanto na Assembleia Legislativa, como na briga, na luta que faremos junto ao governo Federal”, apontou.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa)
A IN 76 trata das características e da qualidade do produto na indústria.
IN 77, foram estabelecidos critérios para obtenção de leite de qualidade e seguro ao consumidor. As regras abrangem desde a organização da propriedade rural, suas instalações e equipamentos, até a formação e capacitação dos responsáveis pelas tarefas cotidianas, o controle sistemático de mastites, da brucelose e da tuberculose.
As normas mantêm o padrão de contagem bacteriana para o leite cru refrigerado na propriedade rural de 300 mil unidades por ml, vigente desde julho de 2014.
Para as indústrias, o padrão de contagem bacteriana foi estabelecido em 900 mil unidades por ml, para que o leite, após o transporte, mantenha a qualidade obtida na origem. Para atender este padrão, é necessário que os estabelecimentos revisem a sua logística de coleta, as condições dos tanques dos caminhões transportadores, e os procedimentos de higiene deles.
Fotos: Reprodução